O medo (bobo) dos trinta

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Eu morria de medo dos trinta anos. Sabe como é, existe todo aquele peso que insistem em colocar nas costas das mulheres. Você tem que ser, tem que ser, tem que ter, tem que ter. Acho uma chatice sem fim e não aceito que digam que tenho que ser assim ou assado. Tenho que ser como eu sou. E ponto. 

Fiz trinta e dois há poucos dias e me sinto muito mais segura do que aos vinte. E olha que peso mais do que eu pesava com vinte anos. Além disso, com vinte anos eu tomava um porre e no outro dia estava zerada. Hoje nem porre eu consigo tomar porque não aguento. Com vinte, eu tinha uma coleção absurda de esmaltes, maquiagens, andava sempre bem maquiada, escovada, gastava rios de dinheiro no salão de beleza. Hoje eu tenho um batom cor de boca de uma marca boa, uma sombra preta, dois demaquilantes, dois pós compactos, uma base, um corretivo e um blush. Fiz uma limpeza nos esmaltes, pois não faz sentido ter um bando de vidrinhos ocupando espaço no meu armário do banheiro. Minha tara são cosméticos para o rosto e produtos para o cabelo. Só de sabonete facial eu devo ter uns cinco. Isso sem falar nos shampoos e filtros solares. É engraçado como a gente muda com o tempo. Hoje eu amo o meu cabelo ondulado, uso ele super natural. Antigamente, se estivesse chovendo eu não saía para não estragar a escova. Hoje faço escova só de vez em quando. Antes, eu vivia de salto alto. Não percebia os calos, as bolhas, preferia ficar desconfortável e vendo o mundo de cima. Hoje eu não largo uma bela sapatilha. Tenho uma de cada jeito, uma de cada cor, uma para cada ocasião. 

Certas coisas que "estão na moda" não combinam comigo. Uma delas é batom vermelho. Já tentei usar mais de 3x, mas fico com cara de palhaça. Eu também não sei usar lingerie sexy. Gosto mesmo é de pijama confortável, de estrelinha, oncinha, coraçãozinho. Adoro andar de pé no chão em casa. Faço as unhas toda semana e os pés a cada quinze dias, mas não sou fã de salão. Faço hidratação em casa e corto o cabelo bem raramente. Descobri que é não cortando que ele cresce. Essa coisa de cortar pontinhas a cada três meses é balela.

Gosto de gastar dinheiro viajando, comprando coisas para a casa, para meu marido, para a minha cachorra, para meus amigos, minha família. Adoro presentear os outros, me sinto feliz com isso. Eu já fui muito fã de telefone, hoje eu fujo dele. Entre uma festa em um lugar barulhento e cheio e um filme embaixo das cobertas, bem agarradinha com os meus amores, prefiro a segunda opção. Já gostei de cerveja, hoje mal consigo dar um gole. Gosto mesmo é de cerveja artesanal, vinho, espumante. 

Sou feliz na maior parte do tempo, apesar de saber que uma parte minha sempre vai querer mais e mais. Acho que todo mundo que nasce tem que amar e ser amado pelo menos uma vez. E se tem uma coisa que me orgulho é de nunca ter ficado com alguém só por medo da solidão.


Agradeço por ter encontrado uma pessoa que me dá apoio, força, ânimo para seguir em frente. Não desistir dos sonhos é fundamental. E eu tenho muitos. Espero poder realizar todos. Descobri que nem todo mundo quer o meu bem e isso não é necessariamente ruim. Às vezes, as pessoas nem percebem que não querem o teu bem. E isso é natural, faz parte do ser humano.

Não sou o tipo de mulher cara. Coisas simples me satisfazem. Não preciso de anéis com diamantes gigantes, carro, luxo. Não sou uma mulher tarada por sapatos. Mas se gosto de uma coisa e posso comprar, vou lá e compro. 

Sou muito fresca com algumas coisas. Não gosto de insetos, banheiro sujo, pano de louça molhado, vizinho do andar de cima fazendo festinha na madrugada. Percebi que a minha melhor amiga sou eu e que tem coisas que a gente nunca deve dizer para ninguém, nem para o terapeuta. Também percebi que, assim como eu, as pessoas também mudam com o tempo. É uma pena que algumas mudem para pior. Mas a decepção faz parte da vida. Isso eu também aprendi.

Texto da escritora e autora dos livros Um Pouco do Resto, O amor é poá e Para todos os amores errados Clarissa corrêa. Texto retirado do site da escritora.

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