Sobre todas essas coisas

19:02


Eu sei que o mundo não é lá um lugar muito justo, mas certas coisas me tiram do sério. Que coisa bem feia fazer piada com morte e doença. Segundos depois de ler a notícia sobre a morte da Hebe eu vi piadinhas circulando na internet. Toda vez que a filha mais nova do Roberto Justus sai no Ego algum engraçadinho faz um comentário maldoso a respeito da aparência da menina. Aquele humorista que se acha o máximo fez uma piada ridícula sobre mulheres feias que são estupradas. Elas têm que dar "graças a Deus". Mas o que é isso, minha gente? 

Não entendo essa necessidade de alfinetar o outro, de fazer piada com desgraça. Assim como não entendo quem age por interesse. A quantidade de gente interesseira tentando obter qualquer tipo de vantagem é algo realmente assustador. Alguns tentam a todo custo puxar o tapete dos colegas, outros tantos se relacionam com as pessoas "certas" para ganhar algo. 

Eu devo ser tapada. Ou uma completa idiota. Posso me ferrar horrores na vida, como de fato já me ferrei, mas nunca me aproximei de ninguém por interesse (nem na vida pessoal, nem na profissional). E nunca puxei o tapete de uma pessoa. Não tenho estômago pra isso. Além do mais, sou adepta do não-faço-o-que-não-gostaria-que-fizessem. A gente tem a obrigação de se colocar no lugar do outro. Pena que uns esquecem disso. Deve ser por isso que o mundo está essa bagunça generalizada.

Fico realmente chateada em perceber que as coisas estão se perdendo. E que a confiança está virando artigo de luxo. Eu não sou boa, pelo contrário: sou péssima. Mas não consigo usar ninguém para me dar bem. Não foi isso que aprendi, não é isso que quero ensinar para os meus filhos, não é com esse tipo de gente que quero me relacionar. 

Talvez o problema seja eu. Talvez eu espere demais das pessoas. Talvez eu queira muito. Talvez o problema seja meu. Onde estão os valores? Onde foi parar o conceito de certo e errado? Onde está o coração das pessoas? Sim, eu sei que ele fica do lado esquerdo do peito. Mas tem muita gente com o coração oco. Ou cheio de porcaria.


Texto da escritora e autora dos livros Um Pouco do Resto, O amor é poá e Para todos os amores errados Clarissa corrêa. Texto retirado do site da escritora.

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